Também Celebro (Poema, 2011)
Também Celebro (um poema de inocência de um autor superado) Dennis Zagha Bluwol, 2011 Para Walt Whitman Também celebro. Sofro mas celebro. Sofrer e celebrar não se anulam e não extinguem o canto de louvor. Poderia dizer que sou o solo, as águas, o ar, você. Mas o que é o solo senão um assombroso amontoado de não solo? Ser não sendo aponta para o fundamento de ser. Não há crise de identidade. Identidade é um sintoma da crise. Isto sinto e disto sei. Poderia celebrar você e o vento e a água por nos dependermos mutuamente. E celebro. Mas atento-me mais para a existência que para a dependência. Poderia nada haver, mas o existir foi concedido. Curvo-me. Sei que nossas coisas são filhas das coisas da natureza. Mas sei também que são diferentes e nos moldam diferentemente. Sei que barulho e silêncio coexistem. Respeito. Mas silêncio e barulho nos moldam diferentemente. E sei que o barulho da natureza não é barulho. E o das máquinas é. No instante em que escrevo e contemplo nesta beira de lago...