Futebol: educação para a barbárie

 


O futebol representa nosso mundo. Sua lógica: o indivíduo-torcedor deve se anular no coletivo-time sem motivos racionais, ou seja, anular-se em um grupo e defendê-lo com todas as forças mesmo que, em essência, tal grupo não difira em nada dos demais grupos. O que faz, é o mesmo que os demais.

Trata-se do arcaico sentimento de pertencimento grupal. Alienação pura, que educa desde cedo à auto-anulação na coletividade, ao respeito cego a líderes, à defesa enérgica de um grupo apenas por dele fazer parte, e não pelo que ele significa. É a base do patriotismo, das ideologias, da devoção a instituições religiosas ou de qualquer vinculação irrefletida a grupos sociais.

Ainda, no futebol, faltas são vistas como normais. Elas fazem parte do jogo. Pode-se causar mal ao outro para defender suas próprias vontades. Agir contra as regras é parte estrutural dos jogos, e não exceções ou resultados de descuidos. A prática do futebol não é uma busca por melhoria, mas de vitória a qualquer custo. O outro é um inimigo a ser vencido do modo que for.

Ainda mais, em tal esporte, além de se dividir pessoas entre as mais e as menos valiosas, as relações humanas são essencialmente financeiras. Produtividade é sinônimo de aumento de valor financeiro de tal corpo.

O torcedor e o jogador rezam para Deus lhes dar a vitória. Logo, que dê ao outro a derrota. O ideal da vida é ser melhor que o outro. A ideia de “vencer na vida” é fazer com que os outros percam.

Por esses e, provavelmente, por outros motivos, o futebol é uma ótima escola para o mundo insano em que vivemos.

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